Durante onze anos eu trabalhei numa videolocadora.
Adorava viver naqueles corredores de prateleiras. Entre pôsteres, banners, VHS e DVD; Indicar filmes; Fazer “trailers amadores” para que os clientes se interessassem em assistir tal filme; Organizar o que significava estar próximo do que eu mais amo: O cinema.
Certo dia, antes de uma exibição, vendo o diretor apresentar a sua equipe e comentar sobre as motivações de seu filme, um amigo meu, o Ney, que estava sentado ao meu lado me abordou dizendo:
“Já pensou, um dia você lá na frente, falando sobre um filme seu pra uma sala lotada de gente?” – Continuou: “Geison na telona!”. – E riu.
Fiquei
Este era meu sonho silencioso, FAZER CINEMA, meu maior desejo! Que quando dito, se transformava numa piada para quem ouvia. Até eu, as vezes, me divertia com a criatividade das brincadeiras feitas sobre isto. Mas nunca foi algo pesado, nem pejorativo.
Quantas águas passam por baixo de uma ponte? Quão forte se estrutura o caminho quando colocamos foco nele?
O sonho se desdobrou em redenção;
A tela grande tornou-se uma forma de expressão;
A jornada para o ator me apresentou um método;
Este método me fez encontrar a pessoa perdida que eu era;
Aquele lugar me aproximou de duas almas que eu amo;
Juntos, vencemos alguns dos nossos próprios obstáculos e escrevemos sobre a vida;
O processo nos trouxe almas que queriam depor;
Nossos depoimentos se transformaram no V.I.D.A;
O V.I.D.A. salvou vidas;
O V.I.D.A. realizou meu sonho;
As lágrimas são as mesmas, mas hoje por motivo diferente. O que a tristeza fez vazio, agora está cheio de felicidade.
A vida é formada de ciclos completos. Que só se fecham quando um novo está se abrindo adiante.
E ontem eu estava lá, para uma sala de cinema lotada, repleta de amigos, falando sobre um filme meu. “Geison na telona!”
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